Entre Sartori e David
As inscrições para o programa de mobilidade ERASMUS+, para o ano letivo 2021/2022, encontram-se abertas até dia 17 de fevereiro. Com o objetivo de dar a conhecer os destinos abrangidos para o curso de Ciência Política e Relações Internacionais, o NECPRI irá publicar uma série de testemunhos dos vários alunos que participaram neste projeto europeu.
Experiências ERASMUS de Raquel Lindner (2019/2020)
A escolha do destino Erasmus é um pesadelo para muitos e para mim não foi exceção. Ao entusiasmo de partir na aventura misturavam-se preocupações e mil e um critérios que tinha colocado: tinha que ter boas condições atmosféricas, o destino não podia ser uma metrópole, a universidade tinha que ser minimente reconhecida, não podia ser uma cidade excessivamente cara, o plano de estudos tinha de ser diversificado, o idioma acessível... para esquecer. Acabei com Santigo de Compostela na mão, o que me valeu ser gozada por ir fazer Almeida Garrett e não programa Erasmus. No meio de frustração e cansaço, quase caído do céu aparece aquele que seria o meu destino: Florença, em Itália.
Ora, decidido em limite e depois de alguns breakdowns, Florença acabou por corresponder à maioria dos critérios que procurava: é uma cidade da Europa do Sul, com condições atmosférica semelhantes às Portuguesas onde, em princípio, não se gela no inverno; assemelha-se a uma pequena aldeia que pode ser atravessada a pé ou de bicicleta facilmente; a Universidade de Florença é uma das Universidades mais conhecidas da Europa em Ciência Política, fama ganha graças a ser a casa académica de Sartori; o Departamento de Estudos Políticos oferece flexibilidade na escolha das unidades curriculares, permitindo que se possa realizar cadeiras em diferentes cursos de interesse; o idioma é acessível e a Universidade oferecia cadeiras em Língua Inglesa. Claro, o valor elevado de vida na cidade - 1 euro por café, 5 euros por uma cerveja e quase 400 euros de habitação – deixaram-me em estado de falência para os próximos meses, para não falar que nunca tive tão perto de iniciar um movimento anti-turismo ou anti-reggeaton.
Contudo, foi um sacrifício merecedor. Cada passeio em Florença é saído de um frame cinematográfico e cada olhar sobra a Ponte Vecchio ou o Duomo um sonho. Fiz amigos de um canto ao outro da Europa, viajei por toda a Itália, cantei a Grândola com velhinhos Italianos, engordei uns kilos de pizza e lasanha e despertei intelectualmente para novas questões. Ainda que não tenha sido paixão à primeira vista, Florença conquistou o meu coração e deixou-me de lágrimas nos olhos na partida.
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