Budapeste, a Pérola do Danúbio
As inscrições para o programa de mobilidade ERASMUS+, para o ano letivo 2021/2022, encontram-se abertas até dia 17 de fevereiro. Com o objetivo de dar a conhecer os destinos abrangidos para o curso de Ciência Política e Relações Internacionais, o NECPRI irá publicar uma série de testemunhos dos vários alunos que participaram neste projeto europeu.
Experiência ERASMUS de Francisco Quina (2020/2021)
Como
bem podem imaginar, a escolha do destino Erasmus não é pera doce. Se, para uns,
a escolha parece óbvia, para a grande maioria de nós, escolher o sítio onde
iremos viver durante um semestre é algo bastante complicado. Se fizerem como
eu, e tiverem uma lista de seleção muito criteriosa, ainda mais difícil se
torna. Apesar de a minha indecisão relativamente à escolha do destino Erasmus
ter sido algo stressante (entre Budapeste, Paris, Praga, Florença ou Potsdam),
a verdade é que eu sempre soube que queria ir para Budapeste.
De
entre os vários motivos que me levaram a escolher Budapeste, um deles foi sem
dúvida a sua excelente localização no meio da Europa, algo que (pensava eu) me
iria permitir viajar todas as semanas. Para além de ser uma cidade com um custo
de vida acessível e com uma vibe cosmopolita (algo que me entusiasmou), é também
uma cidade lindíssima e repleta de história. Separada pelo Danúbio, Budapeste é
a combinação perfeita entre o passado e a tecnologia e avanços do presente. Por
todos os cantos da cidade, edifícios monumentais e a opulência do Império
Austro-Húngaro fazem-se notar, sendo este um dos principais motivos que me
levou a apaixonar pela cidade.
Uma
das caraterísticas mais interessantes e que refletem Budapeste é a sua apologia
ao hedonismo, algo que me conquistou desde a primeira hora. Com a sua vibrante coffee
culture, as maravilhosas (e incontáveis) termas e os requintados
restaurantes, Budapeste tem a rara proeza de agradar a todo o tipo de gostos. Os
passeios pelo Danúbio ao pôr do sol, cruzando as inúmeras pontes, até ao cair
da noite, com as luzes da cidade a cintilarem no rio e os majestosos edifícios
refletidos na água. As constantes subidas e descidas para ir e voltar ao
Castelo de Buda e à Citadella. As frequentes visitas ao Parlamento e à Bazilika,
em que todas as vezes pareciam a primeira, deixando-nos repletos de êxtase e
admiração, tal é a sua imponência e majestade. Budapeste é tão-somente uma
cidade maravilhosa, com uma beleza e uma vivência indescritíveis. Foi amor à
primeira vista e desde então não parou de me surpreender…
Mas,
como não podia deixar de ser, a pandemia conseguiu trocar-me as voltas. Não
estragou de todo o Erasmus, nem fez com que este perdesse a intensidade e o
valor que teria se a vida seguisse a normalidade. As viagens a países vizinhos
foram compensadas com viagens dentro da Hungria, que me deram a conhecer a sua
história milenar. Assim sendo, a malfadada pandemia apenas me deu motivos para
regressar no futuro, pelo que as tão esperadas viagens, assim como as idas a
muitos dos museus, restaurantes, festas e mercados de Natal, ficarão para
tempos melhores.
Para
além da pandemia, a vida em Budapeste também apresenta a sua quota-parte de
desafios, mas nada a que não me tenha habituado depois das primeiras semanas.
Em primeiro lugar, a língua não foi de todo um dos principais obstáculos: é
claro que não aprendi a falar húngaro, mas dada a vibrante atmosfera
cosmopolita da cidade (e o facto de ser um destino popular entre estudantes
internacionais), a grande maioria das pessoas fala inglês perfeitamente. Para
além disto, as aulas também são em inglês, o que facilita totalmente a
aprendizagem. Na minha opinião, o principal desafio foi o facto de a moeda ser
diferente – que apenas resultou em idas ao supermercado mais longas. Por fim,
dada a sua continentalidade, encontrar peixe como o que se come em Portugal, é
simplesmente impossível, o que acabou por estimular a minha criatividade na
cozinha.
A
universidade onde estudei, a Budapesti Corvinus Egyetem, está sediada num
edifício fantástico, mesmo ao pé do rio. Bem servida de transportes (assim como
toda a cidade), localiza-se a cerca de 20 minutos a pé do centro e a 15 minutos
da casa onde vivi. Todos os dias ia para a faculdade a pé, algo que me fazia
sentir totalmente privilegiado, ao passar por tantos edifícios marcantes e pela
sua monumentalidade. Em relação às cadeiras, não são muito diferentes da FCSH, distinguindo-se
mais entre o sistema de 3 e 6 ECTS: enquanto que as primeiras são mais simples,
as últimas são muito semelhantes às nossas, seja pelos métodos de avaliação,
seja pela exigência.
Apesar de não ter sido uma experiência totalmente fiel ao
que eu tinha planeado e esperado, a verdade é que, mesmo com uma pandemia, o
balanço é muito positivo. Conheci pessoas e sítios novos, vivi experiências que
não teria a oportunidade de viver e saí de Budapeste apaixonado e com a
incessante vontade de regressar. Não obstante, Budapeste não sai do sítio e o
desejo de voltar também não vai a lado nenhum. Tempos melhores virão.
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