Debate da Retoma da Economia no pós-COVID 19
Na passada terça-feira, dia 17 de novembro, às 18h, decorreu o evento ‘Debate da Retoma da Economia no pós-COVID 19’. À semelhança dos anteriores, realizou-se através da plataforma Zoom, contando com a presença de Carlos Guimarães Pinto, ex-presidente da Iniciativa Liberal e economista, e de Ricardo Paes Mamede, economista e professor do ISCTE, no papel de oradores. Neste debate participou também Rui Alves Veloso, editor de economia da RTP, enquanto moderador. Pretendeu-se articular as diferentes posições ideológicas dos oradores em relação ao tema, esclarecendo algumas das dúvidas que têm existido no que diz respeito ao impacto da pandemia na economia portuguesa, com abertura à participação do público.
Ao longo do debate, foram abordadas as principais questões económicas decorrentes da situação pandémica em que vivemos, por exemplo: as medidas que têm vindo a ser adotadas pelo governo no combate à pandemia; a flexibilização do mercado de trabalho; a aplicação dos fundos da União Europeia - entre muitas outras.
Começou-se por debater o impacto das medidas restritivas mais recentes. É consensual que a pandemia trouxe uma desaceleração e uma forte quebra económicas, tendo a segunda vaga agravado ainda mais a situação do país. Carlos Guimarães Pinto referiu ainda a fragilidade em que se encontram os pequenos negócios, empresas e restaurantes, estando agora numa situação pior do que na primeira vaga da pandemia. Dentro do tema, discutiram-se ainda as medidas que têm vindo a ser adotadas pelo Estado no sentido de apoiar estes pequenos negócios, realçando as moratórias, o lay-off e o alargamento do subsídio de desemprego, por exemplo. Ricardo Paes Mamede conclui o seu argumento afirmando que “a escala desta crise torna estas medidas insuficientes”.
Posteriormente, o debate centrou-se nas fragilidades económicas do país, que a pandemia evidenciou, sendo este tema alvo de alguma discórdia por parte dos oradores. Na visão de Carlos Guimarães Pinto, antes do coronavírus algumas empresas já se encontravam descapitalizadas e os bancos ainda não haviam recuperado totalmente da última crise, vivendo Portugal dependente do turismo. Já Ricardo Paes Mamede, refere também esta dependência do setor turístico como “fatal” reunida à pandemia, e aponta como problema fundacional da economia portuguesa, a sua estrutura produtiva deficiente, resultado das políticas de liberalização de capitais e do comércio internacional.
Em relação à aplicação dos fundos europeus na economia portuguesa, foi discutido quais deveriam ser as prioridades. Carlos Guimarães Pinto argumentou que os fundos deveriam ser canalizados para as empresas que têm mais capacidade de criar valor económico, acrescentando ainda que deveriam servir para diminuir a carga fiscal sobre as mesmas, de modo a permitir um crescimento no pós-pandemia. Ricardo Paes Mamede alertou, por fim, para o elevado escrutínio a que os fundos europeus estão sujeitos.
Esta iniciativa contribuiu bastante para a clarificação dos principais desafios que o tecido económico português atravessa e enfrentará no futuro, agravados pelo cenário pandémico.
As contribuições dos oradores e a excelente moderação permitiram uma troca de ideias construtiva e esclarecedora, pelo que queremos agradecer aos nossos convidados. Um sentido obrigado vai também para todos os que assistiram, e que o NECPRI tem o prazer de convidar a participar nas próximas atividades, a divulgar nas nossas redes sociais.
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